Também chamada de
vitória pírrica, é uma expressão que se utiliza para se referir a
uma vitória que se fez com alto custo e perdas irreparáveis a ponto
de nem se quer haver algo para comemorar.
Tem sua origem na
Guerra de Áscolo que teve lugar em terras da Itália por volta do
ano 279 a.C. comandada pelo rei Pirro da cidade grega Épiro contra
os romanos.
Apesar
de sair vencedor após duas grandes batalhas, o rei Pirro se lamentou
dizendo que se vencesse mais uma batalha contra os romanos ficaria
completamente destruído.
Pirro
sofreu prejuízos e grandes perdas como seus melhores amigos e
principais comandantes, bem como uma enorme parte de seu exército,
embora tenha saído vencedor, sua vitória foi amarga e triste.
Assim,
essa expressão “vitória pírrica”, por analogia, não se
aplica apenas ao contexto militar, mas também está ligada a
atividades como economia, política, justiça, literatura, arte e
desporto, em todos os contextos em que a vitória aconteceu mas de
modo prejudicial ao vencedor.
Em
muitos contextos,inclusive familiar ou entre amigos, acontece de
alguém buscar exercer seu poder sobre o outro, como se a família ou
a amizade fosse um palco de batalha. Invariavelmente, as perdas e
prejuízos, sobretudo emocional, recai sobre as crianças do grupo em
questão. Se ao menos a pessoa combatente e reativa se apercebesse do
estado que restou após sua vitória, compreenderia, assim como
Pirro, que diante do resultado, melhor teria sido não batalhar.
Quem,
em sã consciência, já não pensou que talvez fosse mais producente
ao planeta Terra que o humano se extinguisse de vez? Muitas pessoas
relatam que desejaria que um meteoro acertasse o planeta e
exterminasse a raça humana como aconteceu com os dinossauros em
tempos remotos.
Morrer
junto a todos pode ser mais acalentador do que morrer sozinho, no
entanto, essa seria mais uma vitória de Pirro pois no planeta há
muito mais pessoas maravilhosas do que pessoas insanas e determinadas
a fazer guerra.
Por
outro lado, os fazedores da guerra, os obcecados pelo poder e pelo
dinheiro, tem ganho todas as batalhas e consequentemente ganharão a
guerra. Mas, a que preço?
Desde
ao extermínio de baleias, de porcos, peixes, vacas e outros animais
inocentes, esses vencedores estão a destruir o próprio planeta, a
água, o solo, o mar, o clima e a dignidade do povo que não
desejaria fazer parte desse contexto sombrio, mas que é arrastado
como que num curral sendo o sistema imposto a todos, seja religioso,
político ou educacional, se assemelha a uma máquina de moer carne
porque em todas as instâncias prevalece o abuso de poder desde
tráfico de drogas, de armas, de mulheres e de crianças.
Movimentos
sociais que deveriam ganhar pela sua proposta de inclusão social,
muitas vezes se entregam à essa consciência corrupta procurando
ganhar pela força e pelo poder ganancioso.
Freud
disse que o humano não quer a verdade, que prefere a ilusão, a
fantasia e o auto engano.
Jung
explica esse fato ao se referir à economia psíquica posto que
enfrentar a realidade requer um quantum de energia psíquica elevado
ao passo que permanecer na fantasia e no auto engano, aparentemente
requer menos energia psíquica, no entanto, ao longo do tempo
gasta-se muito mais energia psíquica para manter o jogo fantasioso
do que ao enfrentar a realidade no momento em que se apresenta.
Michel
Foucalt em Microfísica do Poder, diz “O importante, creio, é que
a verdade não existe fora do poder ou sem poder. A verdade é deste
mundo; ela é produzida nele graças às múltiplas coerções e nele
produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime
de verdade, sua ‘política geral’ de verdade.”
Não
se aperceber da verdade por detrás da verdade assim construída pelo
poder, não apenas torna o indivíduo em objeto do poder como a
população imbuída dessa verdade construída torna-se
simultaneamente como objeto.
Hoje
temos a oportunidade de participar de um programa de controle da
raiva, temos a instrução e a orientação para nos conter
adequadamente no meio social, temos a possibilidade de tratar
distúrbios de alimentação para contenção do instinto da fome que
pode não ser de comida, mas de afeto, de propósito, de
reconhecimento ou de esperança, temos programa de controle ao
instinto sexual como também à sua reorganização e de gênero.
Mas, não temos, nem de longe, um programa de controle ao instinto
ganancioso e desmedido de poder.
Resultando
uma sociedade manipulada e manipuladora, cada qual abraçando sua
‘verdade’ e a impondo aos demais e quem tiver mais poder doentio se sai
vencedor nessa tal Guerra Pírrica.