No
livro Mitologia Grega de Junito de Souza Brandão, ele diz:
“Originariamente,
cada ser humano tinha a sua moira, a saber, sua parte, seu quinhão
de vida, de felicidade, de desgraça.”
De
acordo com os estudos de Homero,
Da
deusa da noite, Nix, e sem pai, nasceram as três deusas irmãs do
destino, Cloto, Lachesis e Átropos.
A
ideia da vida e da morte, se fazem presentes no ato de fiar, assim
temos que :
Cloto
deriva da palavra em grego fiar, significando que Cloto é a
fiandeira. Ela segura o fuso e vai puxando o fio da vida de cada um
de nós mortais bem como de todos os deuses.
Lachesis,
advém do verbo grego sortear. Lachesis é a sorteadora, ela enrola o
fio da vida e sorteia o nome de quem vai morrer.
Átropos
que em grego se traduz por voltar, significa ser ela a inflexível,
aquela que não volta atrás. Ela corta o fio da vida.
As
três juntas simbolizam o destino tanto dos humanos quanto dos
deuses. Nenhum deus está acima delas que perfazem a projeção de
uma lei que nem mesmo eles podem transgredir. Nas batalhas mesmo que
um deus proteja alguém, se elas o escolher e cortar o seu fio esse
deus cede para o destino.
Quando
alguém chega a esse mundo sofrerá o destino que as fiandeiras
teceram assim que a mãe o deu à luz. E na roda da fortuna, estará
ora em cima ora em baixo, marcando as voltas que a vida dá.
Existe
o destino imediato que pode ser perturbado por ações imediatas. O
destino é uma variável como outra qualquer.
A natureza não funciona por
uma razão e nem pelo acaso, funciona por chances e está longe de
ser simples, é bastante complexa.
A
psique tanto coletiva quanto a individual pode ser comparada a um
liquido, se você fizer um movimento aqui criara uma onda que
rebombará lá e a falta desse movimento também reverbera e traz uma
resposta.
A
fronteira desse liquido é o ego que conseguira conter ou não, se
encaixar ou não nas projeções do ambiente que formam o espaço.
Se falta energia psíquica para o ego ele se submete tomando para si
as diversas projeções já existentes e anteriores a ele. Se, ao
contrário ele possui boa quantidade de energia psíquica ele
consegue conter as projeções sem se deixar tomar por elas, mas de
qualquer modo estará enredado por um ou mais arquétipos que são
matrizes de pensamento, seu reconhecimento é que faz a diferença no
comportamento.
Na
natureza o alinhamento das coisas pode ser percebido como destino,
esse alinhamento natural apenas carrega a arma, o gatilho é o
ambiente que é uma combinação entre ações, valores culturais,
valores pessoais, biologia e da idiossincrasia psíquica de cada um.
Essa
mesma combinação também desafia o conceito de causalidade, pois
quando fazemos uma escolha, o inconsciente já decidiu antes da
consciência do ego! E o desejo que a gente pensa que produz os
acontecimentos pode ser questionado: seria esse um desejo meu ou foi
produzido pela sociedade¿
Assim
sendo, nem o destino, nem o acaso e nem o livre arbítrio são
arbitrariedades, não são imposições da vontade. Existe uma zona
cinza entre os opostos, um espaço onde o ego terá de se haver com
suas potencialidades para se perder ou se manter integro no liquido
coletivo.