A
deusa Iris, é a personificação do Arco- Íris. É filha de Taumas,
o espanto e da oceânica Electra. Tal qual Hermes, mas bem menos
popular, Iris é a mensageira dos deuses. Leve, alada e veloz. Com o
seu véu que se desdobra nos ares cria as cores do arco celeste que
podemos apreciar próximo ainda das nuvens que trouxeram as chuvas,
mas já com o sol a refratar as gotas das águas. Iris está ali como
ponte entre os mundos.
Fazendo
par com seu companheiro o vento Zéfiro, Iris navega pelo ar se
fazendo aparecer em cores aqui e ali entregando aos humanos a
oportunidade do encontro com os deuses. O arco-íris é símbolo
universal que medeia os mundos. Em diversas mitologias é a ponte
utilizada pelos deuses, deusas, heroínas e heróis em seu constante
vai e vem entre o Céu e a Terra.
O
nome Iris, possivelmente, tem sua raiz no indo-europeu que significa
“dobrar”, curiosamente, a partir da teoria gravitacional de
Einstein criou-se o conceito de “dobra do tempo”.
Numa
atualização do mitologema, no final do arco de íris pode ser que
não se encontre um pote de ouro como diz a lenda, mas talvez, possa
se encontrar um universo paralelo, afinal o arco é um símbolo da
imaginação criativa. Por que não o imaginarmos como um magnífico
portal por onde todas as coisas se transmutam no mais feliz de nossos
desejos?
O
surgimento do arco-íris é um acontecimento de reunião dos
contrários, nos remete à união das partes separadas superior e
inferior, um sinal da restauração da ordem cósmica e da gestação
de um novo ciclo. Há tranquilidade e conquista depois de cada
dificuldade.
Faz
parte da natureza do humano que ocorra uma oscilação de algo que
podemos comparar, talvez grotescamente, com expansão e retração,
tal e qual acontece com o próprio Cosmos. Há um tempo de expansão
e há um tempo de retração.
No
tempo de expansão o humano cria a separação psicológica de suas
origens em busca de seu próprio caminho e de sua identidade única,
em tempo de retração empreende a busca pela participação mística
com o todo, ou mesmo com uma ideia sem nem mesmo se dar conta de que
tal ideia está a representar o todo no final das contas.
Esse
é um processo que ocorre na espécie humana, e há bem pouco tempo
começou a ocorrer a expansão que foi a partir da conquista do
pensamento racional. Segundo diversos autores surgiu na Idade Média
quando, pela necessidade de desenvolvermos objetos e obtermos
resoluções de problemas, construímos e usamos as primeiras
ferramentas.
Entretanto,
esse é o mesmo processo que ocorre também individualmente com cada
um de nós. Ora estamos na expansão, ora estamos na retração.
Quando esse movimento ocorre adequadamente estamos psicologicamente
saudáveis, contudo, se demorarmos demais em um deles é um alerta
para verificar o que está acontecendo. Um elevador predial está
quebrado quando emperra em um andar, não é mesmo?
Tal
situação também vale para o grupo social. O arco-íris é um
alerta para justamente anunciar que, as vezes, se faz necessário se
voltar para a unidade, para o uno, para o todo e depois separar
novamente agora com mais subsidio de energia psíquica à disposição
do eu.
Antes
de nosso nascimento, estivemos na unidade simbolizada pela barriga da
mamãe. Nos alimentamos dessa simbiose para posteriormente termos a
energia necessária para nossa expansão como ser individual e
crescer dela separadamente. Completamente insano seria desejar voltar
pra lá ou mesmo permanecer psicologicamente dependente, no entanto,
buscarmos um momento junto ao nosso próprio arco-íris é
psicologicamente saudável e recomendado.
Nosso
arco-íris pode ser a dança, a pintura, o momento do nada a ver,
cantar, esculpir, tomar banho de chuva, rir por nada, brincar com as
crianças, cuidar do jardim, escrever, ou ler aquele livro que nos
ensina, lecionar com o coração, cuidar com amor, enfim dizer sim ao
prazer que nos beneficiará posteriormente com maior nível de
energia psíquica. Sublinho essa questão por identificar que existem
outros prazeres que produzem exatamente o inverso, posteriormente
diminuem o quantum de energia psíquica, aí já não se trata de
Iris.
O
arco-íris tem cores variadas, feito o diamante, refrata a luz solar
que se quedam nas gotas de água ainda presas nas nuvens que acabaram
de se derramar.
Cada qual sabe reconhecer-se no esplendor celeste, o importante é
conquistar o momento em que surge essa deusa carregada pelo vento que
rapidamente vai-se embora para subitamente reaparecer após alguma
tempestade.
Escorregar
no tobogã do arco-íris com certeza é alegre e divertido!
A
deusa Iris está sempre a servir o néctar dos deuses, bem por isso é
usualmente retratada com um jarro nas mãos servindo tantos às
deusas e deuses quanto aos mortais. Um Oásis em meio ao deserto.
Lunardon
Vaz