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CURUPIRA – o protetor das matas e dos animais

Como toda figura do imaginário, também o Curupira não possui uma origem completamente exata. Sabe-se que já no século XVI, o garoto de cabelos vermelhos e pés para trás já era conhecido como protetor das matas contra todos aqueles que pretendiam depredar fauna e flora.

Originalmente, a palavra Curupira vem da língua Tupi e significa Diabo. Entre os indígenas, o Diabo ainda não possuía a conotação cristã; portanto, a palavra “diabo” significava um ente fantástico, um espírito mágico e protetor.

Os ruídos misteriosos que vêm da mata são por ele produzidos e, se um caçador malvado encontrá-lo no caminho e apenas o encontro não o matar, acabará enlouquecido devido às tantas traquinagens do Curupira, aquele rapaz de pele escura e dentes verdes, com os pés ao contrário para despistar os abusadores da floresta e da fauna.

Não gosta de ser visto pelas pessoas, mas todos sabem que ele adora descansar sob os mangueirais. De modo que, se você tiver curiosidade em conhecê-lo e não tiver má intenção para com as plantas e os animais selvagens, bem à tardinha, naquela horinha da preguiça gostosa, basta se colocar bem quietinho e escondido para avistá-lo ali.

Se for criança, deverá tomar cuidado, pois Curupira leva para si as crianças e, após sete anos de ensinamentos, as devolve para seus legítimos pais, que se encantam com o respeito e a sabedoria com que agora lidam com a natureza.

É um deus da vegetação com o poder da caça e do rejuvenescimento. Curupira é o nosso deus ecológico, de evidente influência pagã.

Os dentes verdes, feitos esmeraldas, simbolizam a energia vital, uma força agressiva de defesa que abre caminho, bem como representam a assimilação do alimento ou do conhecimento que nutre.

A pedra de esmeralda é símbolo de fertilidade e de poder regenerador para muitos povos indígenas. Para os alquimistas, era a pedra de Hermes ou Mercúrio. Hermes também usou o artifício de fazer pegadas às avessas para escapar de represálias e enganar.

Na tradição hermética, afirma-se que, durante a queda de Lúcifer, uma esmeralda tombara de sua fronte. Assim, a esmeralda ressalta a simbologia de ser essa pedra a representante do pensamento que ilumina ao mesmo tempo em que está impregnado dos mistérios e dos sentidos. Sendo essa também a pedra do Papa.

O fantástico Curupira possui cabelos vermelhos. O desencadear da vida parte do sangue, do útero, das paixões ou, simplesmente, do vermelho e desabrocha no verde.

O vermelho é considerado como símbolo fundamental do princípio de vida. É a cor da força, do poder e do brilho do fogo e do sangue, território feminino por excelência.

Já a simbologia dos cabelos significa a síntese da personalidade de um indivíduo. Daí o costume de se guardar mechas de cabelos para resguardar a pessoa de um mau destino. Os cabelos também representam a força e a virilidade, como se vê no mito de Sansão.

O fato de Curupira ter os cabelos vermelhos significa que ele concentra em si mesmo o poder e a virilidade das matas e dos animais selvagens, bem como sua força de vida e de restauração.

Assim é que o nosso Curupira representa o conjunto de conhecimento, de adaptabilidade e do grande poder de regeneração e de criação da natureza.

Mais que isso, psicologicamente, esse deus Curupira representa a nossa disposição instintiva em amar e resguardar dos inimigos a mata e todos os animais.

Este mitologema se encontra em nossa história psíquica, fazendo assim parte de nosso instinto brasileiro.

O humano que se mantém unido ao Curupira não irá destruir a fauna e a flora, e para sempre terá seu alimento. Já aquele humano que, dentre nós, não lhe dá acolhida, se perderá na floresta, significando estar perdido e entregue aos instintos mais sórdidos, desmembrado ou, seja, psicologicamente quebrado.

Fonte consultada:
Histórias e lendas do Brasil (adaptado do texto original de Gonçalves Ribeiro). Ilustrações de J. Lanzellotti – São Paulo: APEL Editora, sem data.

Cascudo, Luis da CâmaraLendas Brasileiras – Ilustrações de Poty – 2ª edição – Ediouro – RJ – 2000.

Chevalier, Jean e Gheerbrant, AlainDicionário de Símbolos – 2ª edição – José Olympio Editora – Rio de Janeiro – 1989.

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