Dentre as mulheres guerreiras temos as Amazonas que talvez seja uma reminiscência das sociedades matriarcais. São comparadas às Valquírias provenientes do mito nórdico do deus Votan.
Para melhor utilizar seu arco e flecha, retiram um dos seios. São guerreiras, caçadoras e sacerdotisas. Rendem culto à deusa da lua, Ártemis.
As Amazonas governam a si mesmas e só se unem aos homens para a procriação. Entretanto criam somente as filhas, cegam e mutilam os meninos e os abandonam às portas das aldeias por onde passam.
Na mitologia grega simbolizam as mulheres matadoras de homens, desejam tomar seu lugar a ponto de rivalizar e matar, sacrificam para isso sua feminilidade esgotando a força vital da mulher, acabam por não serem bem quistas nem por homens e nem por mulheres, tão somente pelas suas iguais. O único refúgio é o clã que vem alimentar ainda mais sua ideologia.
Em última instância, as Amazonas expressam a recusa ao feminino e a vã tentativa em substituir sua natureza que se compõem com a feminilidade por um ideal tão somente viril.
Embora sejam comparadas as Valquírias, em verdade, são semelhantes apenas no fato de que são guerreiras. As Valquírias não odeiam os homens e nem os mutilam. Elas são mensageiras dos deuses e os guiam nas batalhas instigando-lhes à bravura até a morte.
Elas mesmas os inspiram indo à frente das batalhas montadas em corcéis rápidos como o raio. Entretanto, após a morte dos guerreiros, são as Valquírias que os recebem e os recompensam com as delícias do Paraíso.
Assim, diferentemente das Amazonas, as Valquírias representam a embriaguez do arrebatamento e a ternura das recompensas, o heroísmo e o descanso do guerreiro ou da guerreira.
É interessante notar que quando se fala das Amazonas, logo vem à lembrança a deusa Ártemis, inclusive as Amazonas lhe rendem culto. Novamente aqui a semelhança está somente no fato de serem ambas guerreiras e caçadoras, pois Ártemis está bem longe da crueldade primária que as Amazonas representam.
A deusa Ártemis é independente e não se deixa penetrar pela cultura patriarcal e nem deseja ser ela mesma um poder másculo como deseja a Amazona. Ártemis é a deusa da lua e também a protetora dos partos, seja de homens, seja de mulheres. Como deusa da Lua, seu ideal é o feminino e não o masculino representado, em nossa cultura, pelo seu oposto, o Sol.
Ártemis tem seu irmão gêmeo, Apolo, o deus solar, enquanto ela é a deusa lunar. A inteligência lógica do masculino unida à inteligência ilógica do feminino. A visão nítida do masculino e a visão sombreada do feminino. Aquele enxerga o que está aqui e agora, o objeto em si mesmo; aquela enxerga o que está por detrás do objeto, sua subjetividade, a sombra que o tal objeto produz.
O casal gemelar nasceu unido e unido deveria permanecer na natureza do humano. Não há motivo para um invejar o outro. Só há motivo para a admiração recíproca.
Ártemis também não negou e nem trucidou os homens, inclusive se apaixonou por Orion. E foi exatamente num dia em que se achou possuída pelo poder que perdeu seu amor para sempre. Zeus se apiedou de Orion e por isso fez dele a constelação de estrelas que até hoje admiramos lá nas noites do céu.
Como diz o mestre Carl Gustav Jung, onde existe o poder o amor não sobrevive.
Parece então que as Amazonas representam a parte mais primitiva da luta entre homens e mulheres.
As ninfas Valquírias já representam um passo adiante, uma parceria na arena da luta pela sobrevivência que a vida nos impõe no cotidiano.
E a deusa Ártemis vai além, representando a conquista do espaço feminino, utilizando as qualidades do masculino e as qualidades do feminino.