WhatsApp

Insira seu número de WhatsApp para confirmar:

OS SUPER VILÕES – O que eles contam para as crianças?

 Vocês já repararam que
os super vilões tem poderes excepcionais? E mesmo que no final os super heróis
ganhem a batalha do bem contra o mal, os super vilões não são derrotados?

Perguntei a algumas poucas crianças qual seria o seu super
herói favorito. Algumas na faixa de 4 a 6 anos, responderam ser o Homem Aranha
e outras nessa mesma faixa de idade, escolheram o Homem de Ferro, Já as
crianças entre 6 anos e meio a 8 anos disseram ser o Thanos o seu favorito.

Não entendi, eu disse a elas e questionei por que o Thanos?  Me responderam e me esclareceram que é por que
ele é o mais poderoso de todos.

 

PARTE I

Sabe quem é Thanos?

O nome Thanos tem a inspiração em Thanatos, que significa a
pulsão de morte na psicologia e a própria Morte na mitologia grega, seu irmão
gêmeo é Hipnos, o deus do sono. Thanos é um personagem fictício das histórias
em quadrinhos e que já tem sua própria filmografia. Personagem publicada pela
editora norte-americana Marvel Comics e foi criado pelo escritor-artista Jim
Starlin, com visual inspirado em Darkseid que atinge os nichos de terror, fantasia,
ficção científica e crimes verdadeiros.

Nos filmes, Thanos como super vilão representa o mal enquanto
os seus opositores representam o bem. Como sempre, é apresentado às crianças
essa eterna luta do bem contra o mal. Só que nesses filmes o mal pode não
vencer, mas nunca morre.

Os Vingadores e os Guardiões da Galáxia já o confrontaram, no
entanto, ele está sempre pronto para voltar em outro filme portando seus
poderosos anéis do poder, as joias do infinito.

Em Vingadores: Ultimato, o Homem de Ferro, Tony Stark usou as
Joias do Infinito para desintegrar Thanos e todo o seu maldito exército, no
entanto, o super-herói também sucumbe ao seu sacrifício final e morre.

Os Vingadores formam uma equipe de super-heróis da Marvel
Comics, eles são os mais poderosos da Terra que protegem o mundo. Seus membros
mais conhecidos são: Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e
Gavião Arqueiro.

E os Guardiões da Galáxia, também da Marvel, é composto por: O
Senhor das Estrelas, que é o líder da equipe; Gamora, a mulher mais perigosa da
Galaxia; Drax, o destruidor e guerreiro poderoso; Rocket Raccoon, um guaxinim
geneticamente modificado e especialista em armas; Groot, uma grande árvore
alienígena com poderosas força e lealdade e por Mantis, uma empata capaz de
sentir as emoções dos outros.

Ora, se confrontado por tantos super-heróis Thanos não foi
derrotado, não é de se surpreender, que as crianças o reconheçam como o mais
poderoso dos poderosos.

Se formos mais adiante nas conclusões que tal reconhecimento
implica, podemos pensar que em termos morais, a criança entende que o mal sai
vencedor de inúmeras batalhas e quando perde, o bem também perde tal e qual aconteceu
com o Homem de Ferro.

Trata-se de um problema de ordem moral em que o bem é fraco e
o mal é o mais forte.

Como isso repercute na mente infantil que ainda não possui a
fisiologia amadurecida para pensar de modo crítico? É algo a se pensar e a se
preocupar.

Quando não se tem claramente que o certo é certo e que o
errado é errado, tudo se relativiza e o certo passa a ser somente da alçada
individual sem levar em conta o coletivo.

A mente assim imatura, pode entender que aquilo que faz bem a
ela, mesmo que seja nocivo aos demais, é o correto a ser feito.

Um outro patamar a ser alcançado não apenas pelas mentes mais
infantis ou imaturas é se deslocar da dicotomia e reconhecer que existe a
multiplicidade e a complexidade de cada ser da natureza. E aí, o julgamento
teria de passar por outra perspectiva.

 

PARTE II

E qual seria outra perspectiva?

A perspectiva do lucro monetário. A produtora desses filmes,
como toda empresa, visa lucro. Em não derrotar o vilão, a expectativa é a de
que haverá um outro episódio cinematográfico, de modo ser vantajoso seguir com
o vilão até que se possa obter o maior lucro possível.

E teria mais alguma outra perspectiva de olhar?

Os humanos que se conservam na primitividade do pensamento
não distinguem o certo do errado, relativizam e consequentemente tendem a
educar ou repassar essa ideia primaria aos seus educandos que não aprendem a
fazer crítica a não ser pela ótica falaciosa que é um argumento construído para
enganar ou seduzir o interlocutor, embora tenha a aparência da verdade.

Somente com uma educação mais esmerada se poderia
instrumentalizar adultos e crianças a se defenderem de sofismas, de falácias
que incessantemente se apresenta nas narrativas tanto do dia a dia quanto na
política, nos gráficos, nos jogos e nos filmes.

Uma mente crítica não se deixa levar facilmente, aprende a
elucidar para si e para o outro os passos de um raciocínio com razoabilidade.

Desnecessário buscar oprimir ou mesmo não permitir que as
crianças se inteirem dos super- vilões, as informações sempre chegam, o melhor
a fazer é revelar e tratar de ensinar às crianças a terem um espírito crítico,
nem cético e nem crente, mas razoabilizado.

Vejo hoje muitos adultos se utilizando da empatia de modo indiscriminado
e nocivo. A empatia é uma ótima ferramenta para se colocar no lugar do outro,
porém esse lugar do outro continua e deve continuar sendo o lugar do outro e
não o seu lugar.

Compreender é uma dimensão de saúde e de amor, no entanto,
aceitar ou acolher toda a sombra que se dimensionou a partir de algum
sofrimento não é mais amor, é um escapismo para não enfrentar os conflitos,
principalmente moral.

O empata irá compreender o que se passou para que o vilão se
tornasse vilão e pode assim, imediatamente, justificar suas ações que
evidentemente está prejudicando tudo e todos aos seu entorno. É preciso
razoabilizar, e com essa palavra quero dizer usar a sensibilidade e a razão.

Estamos vivendo em sociedade, não estamos numa ilha, nossas
ações e mesmo nossos pensamentos acabam afetando aqueles em nossa volta e o
vilão destrói e mata todos aqueles que não leem em sua cartilha, todos aqueles
que não obedecem a suas leis autocentradas e egoístas.

Não é apenas nossa moralidade que nos impede de destruir ou
de matar, sobretudo é o nosso amor, nosso carinho pelo mundo e pelas pessoas,
nossa sensibilidade de herói que nos impele a defender um amiguinho na escola.

Vou ouvir os vilões e conhecer sua história de dor, mas vou
razoabilizar seu comportamento em relação ao coletivo. Vou compreender sua
doença, mas vou me recusar a conviver com ela e muito menos ser cumplice ou
formar seu fã clube.

De fato, o medo gera a fúria, mas a fúria não se cura com
acolhimento, lembro-me bem do movimento hippie dos anos 70 que apregoavam Paz e
Amor e colocavam margaridas nos canos de fuzis. Veja só você onde isso nos
levou!

É sempre necessário estratégias inteligentes para lidar com
as guerras, com as fúrias e com os vilões de nosso cotidiano.

Estratégias inteligentes passam pela razoabilidade, jamais
com florzinha, jamais com cumplicidade, sobretudo, jamais com narrativas falaciosas.

Como diria o Dr. Spock em Jornada nas Estrelas, desejando a
todos: “Vida longa e Próspera”.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *